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segunda-feira, 26 de junho de 2006

FIM DE SEMANA NO CAMPO

HORPÁCS



Primeiro… Todos juntos na Nyugati Pályaudvar, eramos treze e o comboio partiu cedinho. Tinhamos como destino Horpács. Mas até lá, um pouco de comboio e muitas pernas. Começámos por subir até ao castelo de Drégely, segundo a história, foi um dos últimos castelos a ser tomado pelos turcos em 1552 quando estes invadiram a Hungria. Depois descemos até Horpács. Esta pequena vila situa-se a 65 km de Budapeste, já bem perto da Eslováquia, e pertence à região de Nógrád. Os seus cerca de 250 habitantes orgulham-se de estarem ligados a Mikszáth Kálmán. O famoso escritor húngaro viveu grande parte da sua vida em Horpács antes de falecer em 1910. Mikszáth detestava os políticos da sua época, escreveu sobre política em alguns jornais húngaros mas os seus contos eram essencialmente inspirados nas pequenas povoações húngaras. Nós visitámos a sua casa museu (Mikszáth Kálmán Emlékház). O centro de Horpács tem uma casa administrativa, um super-mercado, um café e um pequeno palco nascido numa também pequena praça. As cerca de sete pessoas que davam vida aquele centro sorriam enquanto bebiam cerveja debaixo de um sol pouco saudável. Apesar de não entender nada do que falavam, transmitiram-me simpatia e achei que eles estavam contentes por ali ver tantos jovens, nós. O jardim da quinta que nos serviu de alojamento foi o ponto alto do fim de semana. Num dos seus cantos, o “nosso” jardim era cortado pela gótica igreja católica romana que juntamente com a fogueira e as estrelas formavam o perfeito cenário para uma noite de farra. As cerca de 50 camas que a quinta tinha disponíveis para nós, tornaram-se fúteis quando metade dos seus supostos ocupantes adormeceram no chão do jardim, a olhar para o céu carregado de estrelas. Eu também.

quarta-feira, 21 de junho de 2006

A BICICLETA E A EMBRAIAGEM

Andar no centro da cidade de bicicleta é no minimo uma aventura, fez-me lembrar aqueles tempos em que perdia alguns minutos a tentar chegar ao fim dos jogos de computador antes de perder as vidas todas. Isto tudo para dizer que tenho uma bicicleta, não é nova, mas dá para pedalar bem. A Kriszta é amiga e tratou de me a arranjar (assim também como a guitarra que tenho no meu quarto). Agora só me falta comprar um cadeado e com isso aumentar o volume de chaves no meu bolso. Tenho 3 para entrar em casa e mais 4 para entrar nos escritórios da associacão, no total dá 7, sem contar com as do cadeado, e preciso mesmo de todas. O cadeado é importante, se não o tiver fico sem bicicleta. Posso entrar em alguns bares com ela e noutros tenho um sitio para a prender à entrada. Gosto da descomplexidade dos bares de Budapeste. No outro dia estava a ver um jogo de futebol no Kuplung e entra lá dentro um senhor de capacete com um monte de pizzas na mão, um pessoal que estava lá ao lado levantou a mão e ele fez a entrega. Pagaram, o senhor foi embora, eles comecaram a comer e o Brasil marcou. Kuplung significa embraiagem. Antes de ser um bar, o ”Embraiagem” era uma oficina de automóveis. Agora tem balcão e vende cerveja que se farta!

sexta-feira, 16 de junho de 2006

"PLANET" EM FOTOS

PLANET FOUNDATION



Acho que não há nada que nos consiga transmitir tão bem algo, como o que conseguem transimitir os mais pequenos com as suas expressões. Um dos meus primeiros trabalhos na Planet Alapítvány foi escolher algumas fotografias e preparar uma pequena apresentacão em slides. O objectivo é projectar as mesmas no espaco que a Planet Foundation vai ter nos recintos dos festivais de verão aqui na Hungria. As fotos foram captadas por voluntários enviados pela associacão para os mais diversos lugares deste planeta. E pensei em tanta coisa enquanto corria a dúzia de milhares de fotos.

segunda-feira, 12 de junho de 2006

BOLDOG SZÜLETÉSNAPOT!

Boldog Születésnapot são as palavras que os húngaros utilizam para dizer Feliz Aniversário. O dia do meu aniversário foi no Domingo passado, mas antes, na Sexta-Feira, as minhas colegas decidiram fazer uma pequena festa surpresa. Disse-lhes que em Portugal as pessoas dizem que dá azar comemorar antes do dia certo. Elas ficaram assustadas e pediram desculpa. Eu disse que não tinha importância e que na verdade até nem ligo a essas coisas. Na Hungria funciona ao contrário. Se por algum motivo acharem que não vão estar com o aniversariante no exacto dia de aniversário, encarregam-se de dar logo os devidos parabéns para não deixar passar para além do dia. Por mim está tudo bem assim. Depois, no dia do meu aniverário, fui ver o jogo entre Portugal e Angola. No fim conheci um rapaz e uma rapariga portugueses que tinham acabado de chegar a Budapeste. Perguntaram-me se conhecia algum sitio para beber um copo. Disse que sim e fiz-lhes companhia. Fomos ao ”Tüzrakter”, pedimos cervejas e disse-lhes que eles eram a minha companhia no dia do meu aniversário. Agora já nem sequer me lembro do nome deles, mas eles acharam engracado e eu também.

sexta-feira, 9 de junho de 2006

DIA DO DIABO... OU NEM POR ISSO

BUDAPESTE



Dizem que cheguei a Budapeste no dia do diabo. Para piorar ainda mais qualquer supersticão deram-me o apartamento número 66. Na verdade não me lembro de ver diabos no dia 06 do 06 de 06, até pelo contrário. Estranho é apenas o facto de as chaves que me deram para abrir as portas que apanho antes de entrar em casa virem acompanhadas de um porta-chaves da Junta de Freguesia da Benedita. Até hoje ainda não sei porque razão aquilo ali estava, mas fiquei triste porque até podia ter sido um da Marinha Grande. Por outro lado estou contente porque cheguei à conclusão que entendo algumas coisas de húngaro. Consegui perceber que uma mãe estava zangada com a filha, ela gritava alto e deu-lhe um estalo na cara. Depois fui passear na ”Margit Sziget”, um óptimo sitio para repousar, fazer desporto, ler, namorar e por ai fora… Parei perto de um casal de namorados. Da forma como trocavam carinhos percebi que estavam mesmo apaixonados e tentei deixa-los mais à vontade. Percebi ainda que os garotos de uma escola por onde passei estavam muito felizes a brincar no pátio, corriam uns atrás dos outros e riam muito alto. Às vezes as pessoas dizem-me ”Köszönöm” depois de eu fazer alguma coisa… Por exemplo, depois de abrir a porta do elevador e primeiro deixar passar essa pessoa; depois de me levantar para deixar alguém mais idoso sentar-se na cadeira do autocarro onde eu estava; depois de pagar algo que comprei numa loja. Ou seja, depois de ajudar em qualquer coisa. ”Köszönöm” significa ”Obrigado”. Confesso também que agora já sei o caminho para casa, mas na primeira noite que fui sozinho a coisa não estava fácil, mas mais volta menos volta, lá dei com o prédio.

quinta-feira, 1 de junho de 2006

UMA TARDE COM OS MENINOS

CASA DOS AFECTOS



Hoje conheci o Igor, a Alexandra, o Leonardo, o Jorge, a Cristina, a Susana e o Ivo. Eles mostraram-me os trabalhos que fazem na Casa dos Afectos. Estavam muito orgulhosos. Prometi-lhes que quando chegasse a Budapeste falava aos meninos húngaros sobre as coisas que eles fazem aqui em Portugal. O Igor perguntou-me se eu nunca mais iria voltar para cá. Eu disse que tinha que voltar para lhes contar o que os meninos húngaros fazem no seu país. Ele concordou. Todos juntos, olhámos para o mapa para ver onde fica a Hungria. No fim agradeceram a minha visita. E eu fiquei contente porque gostei muito de estar com eles.