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quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

AS RAÍZES DO BUDISMO

SARNATH E BODHGAYA



Sarnath e Bodhgaya, ambos os lugares têm relação directa com o Budismo. Foi em Bodhgaya que Siddhartha Gautama atingiu a iluminação e se tornou Buda. Após a sua iluminação, Buda deslocou-se a Sarnath e foi onde pela primeira vez discursou sobre os seus ideais e motivações dando assim início ao Budismo. Foram estes acontecimentos que tornaram Sarnath e Bodhgaya lugares sagrados e de passagem obrigatória para qualquer budista. Sarnath situa-se a poucos quilómetros de Varanasi. Pouco se pode aqui encontrar à parte dos mosteiros budistas construídos em volta do local onde Buda discursou e do excelente Museu de Arqueologia, recheado de antigas e preciosas esculturas originárias da região. Tanto Sarnath como Bodhgaya estão repletos de mosteiros construídos por diversos países ligados ao Budismo. Mas o ponto maior é o deslumbrante templo Mahabodhi construído junto à árvore onde Siddhartha meditou até atingir a iluminação.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

HÁ VIDA NOS GHATS

VARANASI



Não existem muitas nações que conseguem preservar a sua história e tradição com tamanho carisma como a Índia o faz. Hoje, tenta-se encontrar espaço para que a sociedade moderna consiga penetrar e partilhar o mesmo lugar com a tradição indiana, repleta de misticismo e rituais que têm atravessado gerações e gerações. Viajar na Índia é viajar dentro da própria história sem que seja necessário abrir a porta do museu. Se existem poucos lugares com o carisma da Índia, menos ainda são os que podem ser comparados à cidade de Varanasi, o coração e casa maior do hinduísmo. As margens do sagrado Rio Ganges oferecem uma interminável paisagem de acontecimentos, não existe nada que não se possa ver ou imaginar acontecer nos seus Ghats, que são as escadarias que terminam nas águas do Ganges. Para quem visita Varanasi, uma das mais marcantes e fortes imagens é a passagem pela “Manikarnika Ghat”, onde todos os dias, quase continuamente, são cremados centenas de corpos para que assim seja efectuada a definitiva purificação do falecido. As cinzas são depois atiradas ao rio. Existe um número significante de hindus que se deslocam para Varanasi e ali ficam à espera do último dia das suas vidas para que depois lhe seja concedido este digno ritual fúnebre, na sua maioria mulheres viúvas que após o falecimento do conjugue vivem o que resta da sua vida à espera do fim da mesma, segundo determina e manda a sua religião. De resto, muitas são as diferenças entre o homem e a mulher na Índia, quase sempre com desvantagem para a mulher. Varanasi oferece-nos momentos que nos podem fascinar tanto pela positiva como pela negativa, é sem dúvida um lugar que não deixa ninguém indiferente. Entre simples crentes, que vêm as margens do rio para a “Puuja” (reza dos hindus); Sadus, os homens sagrados que se maquilham e vestem exuberantes e coloridas roupas; Vendedores ambulantes; Barqueiros e massageiros que a todo o custo procuram turisto-clientes, aparecem crianças, vindas de todos os lados tentando ganhar o seu sustento com moedas perdidas dos bolsos dos turistas. O trabalho infantil é um dos grandes problemas da Índia, apesar da recente lei que proíbe o trabalho a menores de 14 anos, pouca ou mesmo nenhuma fiscalização impede que tal lei seja colocada definitivamente em prática. São muitas as crianças, que sem outra forma de sustento, são obrigadas a cair na rua para tentar ganhar graças de um turista que passa, ora vendendo souvenirs, ora arrastando um turisto-cliente para uma qualquer loja de têxteis, ganhando com isso uma pequena comissão. Utilizam as mais diversas formas de aliciação e é assustadora a forma como tão pequenas crianças falam (em bom inglês) e actuam perante os turistas. Varanasi oferece tanto, mas não exige menos, e uma mente não suficientemente preparada para a sua poderosíssimo essência poderá estragar o fascínio e misticismo que ela tem para oferecer. Varanasi talvez seja um daqueles lugares que ou se adora ou se odeia. Se houvesse uma pessoa com quem eu mais gostaria de partilhar as emoções que ficaram sobre a visita a Varanasi, essa pessoa seria o meu amigo Eugénio Gaspar a quem, em parte, devo esta viagem, valorizada com as tão boas indicações que me deixou antes de partir.