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quinta-feira, 26 de outubro de 2006

BUREK E OS BURACOS NOS BÁLCÃS

NOVI SAD / BELGRADO



Chegada a Novi Sad, tempo só para pousar a mala no chão e já alguém metia um copo de Rakija (ou Palinka) na minha mão. Depois de mais outro ou dois os movimentos já não são os mesmos. Mesmo assim ainda deu para dar um salto lá abaixo e matar a fome com a primeira Pljeskavica sérvia. Depois, apenas mais uma ou duas palavras e comecei a fechar os olhos, o normal desfecho após uma viagem de 7 horas e uns quantos cálices de Rakija. Acordei de manhã com uma vontade enorme de ver a Sérvia pela primeira vez, de dia. O sol em finais de Outubro era de verão e foi quase sempre tema de inicio de conversa entre mim e as diversas pessoas que foi conhecendo. Todos me disseram que é pequena a probabilidade de apanhar um tempo assim nesta altura do ano. O nosso primeiro destino foi a praça central da cidade onde nasceu também a vistosa igreja romana católica "Imena Marijinog". Percorremos as ruas pedestres cheias de cafés e lojas entre a igreja e o parque "Danúbio". Provámos o famoso Burek e bebêmos o iogurte como manda a tradição sérvia, este foi o primeiro Burek de uns quantos que fui tentado a comer durante a estadia na Sérvia. Visitámos o forte de Novi Sad do outro lado do Danúbio, é uma das maiores atracções da cidade. A imagem que mais me recordo deste passeio é a dos restos que sobraram de uma das pontes que atravessava o Danúbio após os bombardiamentos da NATO em 1999. Passados cerca de 7 anos as marcas ainda estão presentes. Para o jantar, o Gabi levou-nos a provar mais algumas especialidades sérvias, mas desta vez fiquei fora da Rakija. A cidade é agradável, mas parecida com muitas outras que visitei antes. Acima de tudo foi bom conhecer algumas pessoas que me ajudaram a perceber melhor a história recente do país. Viagem curta de Novi Sad até Belgrado, às portas da cidade está plantada uma comunidade cigana que, à primeira vista me pareceu um grande monte de lixo. Saímos para o centro, já era noite, comprámos mais uns dinares e sentámo-nos num dos restaurantes ao largo da praça Terazije. Depois todo o caminho percorrido entre a Terazije e o forte Kalemegdan está replecto de lojas, cafés, restaurantes e pessoas. Parámos por instantes na praça da Républica antes de visitar o forte. Das diversas igrejas que vi, destaco o templo ortodoxo de Santo Sava, enorme por fora e quase vazio por dentro devido à reconstrucção de que está a ser alvo. Mas nem por isso as pessoas deixaram de o visitar, por entre ruídos e materiais de obras, as velas são acessas e ali se continuam a prestar rezas diárias. Mais tarde, por acidente fomos parar a um grande mercado de rua, interessante como todos os tipos de produtos eram expostos nas bancas lado a lado, vi um livro à venda por 10 dinares, significa cerca de 0,15 euros. Disseram-me que o edificio oficial do mercado está em reconstrucção e por isso os vendedores ocuparam umas das perpendiculares à praça Terazije. Antes de regressar a Budapeste passámos por dois edificios grandes semi-destruídos, só posso imaginar que tenham sido bombas. Mas não tive tempo para perguntar a ninguém. Estranho é estarem ali, assim abandonados. Talvez não seja uma prioritária despesa num país que me pareceu ter duas faces bastante distintas… A pobre e a moderna. Depois, só mesmo tempo para meter na bagagem um Burek para a viagem.

PORQUE É QUE EU GOSTO DE BUDAPESTE

Após a minha primeira visita, achei que seria bom voltar e tentar conhecer melhor a cidade, isto porque há muito que tenho em mente que Budapeste é uma cidade especial. Cinco meses depois da minha chegada continuo a pensar que Budapeste é de facto especial, melhor, comecei a pensar que Budapeste é ainda mais especial do que eu pensava. Acho que por mais tempo que passe aqui, nunca vou conseguir saber o verdadeiro porquê de Budapeste ser tão especial para mim. São as pessoas, são as ruas, os edificios, os eléctricos, as pontes, os cafés ou o rio… No fundo, acho que é tudo isto em movimento, é a vida e a energia que ela tem. Tudo tão simples, mas tão intenso e misterioso. A cidade move-se peculiarmente, a sua magia em contraste com a simplicidade daquilo que se avista, despe-me e deixa-me sem expressão. Penso que nunca o conseguirei explicar como gostaria. Apesar de tudo decidi escrever algo. Budapeste é tão grande que não a consigo apanhar com palavras.

terça-feira, 10 de outubro de 2006

PAUSA NA "HRVATSKA"

ZAGREB



Aproveitei o fim de semana para dar uma escapadinha até Zagreb. A cidade dos eléctricos azuis, e outros de outras cores. Tantos. A viagem entre Budapeste e Zagreb demorou cerca de 6 horas. Quanto o comboio chegou à estação de Zagreb, a "Glavni Kolodvor", já o Josip esperava por mim. Semanas antes tinha eu feito o mesmo com ele em Budapeste, logo nessa altura haviamos combinado que mais tarde seria eu a visitá-lo na Croácia. E assim aconteceu. Da Glavni Kolodvor até à praça principal, "Bana Josipa Jelacica", demorámos dez minutos, mesmo antes de largar a minha mochila em casa do Josip, ele fez questão de começar a apresentar-me a cidade. O Josip, apesar de estar a acabar o curso de advocacia, sempre teve um enorme desejo em estudar história, foi o que ele me contou. E foi por isso que o ouvi falar com tanto gosto sobre aquilo que sabia acerca da história da cidade, das ruas, dos monumentos, das estátuas, e de tudo o resto que vimos por onde íamos passando. O centro de Zagreb é mais pequeno do que aquilo que eu imaginava. Depois de uma visita à Catedral, à igreja de Santo Marka e à torre Lotrscak na cidade velha, parámos para beber a primeira cerveja croata. Só depois decidimos ir a casa pousar a minha bagagem. Voltámos a passar pela praça principal e através da rua Masarykova depressa se chega ao edificio amarelo do teatro nacional croata. Ali apanhámos o eléctrico que nos levou até perto do apartamento do Josip. A noite em Zagreb durante o fim de semana é agitada, não conseguimos entrar no autocarro que queriamos usar para chegar a um dos clubes nocturnos, tal era a confusão de pessoas. Fomos a pé. Domingo a cidade pareceu-me deserta. Saímos para o almoço. O Josip arranjou um cartão de estudante é fomos almoçar à cantina da universidade, à saída paguei 6,33 kunas por uma sopa, uma costoleta e arroz, um pedaço de pão e outro de bolo. Tudo junto dá cerca de 1 euro. Antes conheci a Ivana, uma amiga do Josip, fazia anos e desejámos-lhe feliz aniversário, ela acompanhou-nos no almoço e depois serviu-nos café. Foi bom conhecer a Ivana, assim como a Zeljka e o Kruno, todos eles foram bastante simpáticos. Contagiaram-me com a sua boa disposição croata. É bom ter alguém que nos diga o que é, e como é uma cidade, assim podemos viver os dias mais de acordo com ela mesma. O Josip teve um importante papel ao tentar ensinar-me, o que para ele, é Zagreb.