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sábado, 22 de julho de 2017

TRÊS ILHAS E UMA JANELA AZUL

MALTA (Abril 2012)

Acho que é hoje que vou tirar o pó ao blogue! Desde falhas de memória ao agravamento do nível de português, entre outros, espera-se uma viagem atribulada. Deve ter sido lá pela altura em que o Facebook chegou com força a Portugal (digo eu) que perdi o interesse em publicar estes pequenos textos. Não é que alguma vez me tenha ocorrido estar aqui a oferecer uma grande dose de conteúdos, mas é verdade que no meio de tantas ideias, opiniões, conhecimentos, lixo, etc... pouco ou nada vinha eu acrescentar à festa, a não ser mais do mesmo. Assim continua até hoje, mas a diferença é que agora, mais do que nunca, preciso de um bom exercício de português. Além de que pessoalmente me parece boa ideia reunir aqui algumas memórias antes que seja tarde de mais. Malta! Foi já há mais de cinco anos, mas ainda me lembro!

Era a nossa lua-de-mel. Eu raramente ponho isto assim, pois para mim era apenas mais uma viagem a fazer aquilo que fiz e faço em qualquer outra. Sem exageros de conforto ou preguiça de movimentos. Porta fora do aeroporto, pegámos no carro alugado e menos de uma hora depois (a contar com uma paragem para gelado a beira da estrada) estávamos no outro lado da ilha, em Ċirkewwa. Onde apanhámos o barco para a ilha de Gozo. A ilha de Malta deve ter pouco mais de 30km de estrada de uma ponta a outra se feito em linha reta, e parece-me que em menos de uma hora se pode ir a qualquer lado. Em Gozo, o Azure Window foi um dos nossos primeiros destinos. Era então uma das principais atrações em Malta antes de desabar em Março deste ano. Agora pouco mais resta para além de fotos e alguns filmes (Game of Thrones, por exemplo) que tiveram a felicidade de passar por lá a tempo de registar esta impetuosa formação geológica. A ilha de Gozo é a segunda maior do arquipélago de Malta, que conta ainda com a pequena ilha de Comino. Também em Comino as notícias não são as melhores este ano, já que viu a sua população ser reduzida de quatro para apenas três habitantes permanentes, uma redução de 25% assim de uma assentada. Isto depois da Dona Maria ter por fim cedido já no rigor dos seus 90 anos de idade. Mas lá ainda se pode apreciar a água azul transparente da Lagoa Azul, onde em meia hora chegámos à boleia de um pequeno barco a partir do porto de Mġarr. De volta a Gozo, pernoitámos em Marsalforn num pequeno elegante albergue gerido por uma simpática família maltesa que nos preparou uma grande jantarada, com a típica entrada de esparguete, neste caso servida com molho de coelho. Coelho é bastante comum em Malta, eu fiz o que a malta faz e enchi a barriga dele durante a estadia no país. Depois de mais uma pequena passagem pela antiga cidade de Victoria (Rabat), voltámos à ilha principal de Malta, onde o melhor ainda estava para vir. A passagem pela cidade medieval de Mdina, antiga capital de Malta e a visita às ruínas dos templos megalíticos de Ħaġar Qim e Mnajdra ainda me estão na memória, assim como o charme da pequena vila piscatória de Marsaxlokk. Mas nada chega a um dia ou dois bem passados em Valletta e arredores, onde não precisámos de gastar muita sola de sapato para percorrer a cidade de um canto ao outro (é uma das mais pequenas capitais europeias). O Forte de Santo Elmo ou a Co-Catedral de São João são passagens obrigatórias, mas nada chega a um passeio de barco ao final do dia em redor do Porto Grande, das baías e diversas marinas naturais que formam a costa nesta parte da ilha. A grandeza dos edifícios de calcário expostos lado a lado em Valletta, Floriana e Vittoriosa fica ainda mais aparente quando observada do mar. Entretanto o pôr-de-sol pincela o último retalho na nossa já bem agradável vista, como que a deixar o sinal de dever cumprido e a dica para regressar a terra. Antes do adeus a Malta faltava apenas deixar nos correiros os postais que escrevi para familiares mais próximos e alguns amigos. Não só por fim a dar conta da nossa viagem, mas também para deixar a novidade sobre o nosso íntimo casamento que tinha então acontecido há um mês atrás em Bristol. Talvez por isso (entre outras coisas) Malta deverá sempre ter um lugar especial nas minhas memórias.

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