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sexta-feira, 3 de outubro de 2008

A CIDADE BRANCA

UDAIPUR



Aquilo que tinha lido antes de partir já me havia deixado convicto de que Udaipur tinha tudo para nos proporcionar uma estadia em grande, e isso aconteceu mesmo. Posso ainda dizer que superou as minhas melhores expectativas. Depois destes dois dias voltámos a Jaipur com uma enorme satisfação e ainda mais vontade de saltar para a rua à descoberta da Índia e das suas gentes. A viagem entre Jaipur e Udaipur (a Cidade Branca) foi relativamente longa, cerca de nove horas (já a contar com os atrasos), mas até se fez bem... a dormir! Não é que tenha conseguido dormir a noite toda, mas o suficiente para sair da estação de Udaipur com vontade de, imediatamente, me meter a andar cidade dentro. Logo à partida me pareceu um lugar bastante tranquilo, com pessoas tranquilas e onde definitivamente se poderia encontrar interessantes pontos de aprendizagem sobre a realidade indiana, sobre o Rajastão, os hindus, ou de uma forma geral, sobre o que vai na mente daquelas pessoas com quem nos cruzávamos na rua. Senti alguma facilidade em comunicar, não sei se será mesmo do lugar ou se foi simplesmente pura coincidência, não sei, mas acho que também não importa agora saber. A verdade é que isso me deu a oportunidade de “penetrar” um pouco mais no universo dos indianos, partilhando (sempre recebendo mais que dando) ideias e formas de lidar com o que nos rodeia, formas de lidar com a Vida. Não sei se devo dizer que os indianos têm uma estranha forma de lidar com a vida, não! Acho que devo apenas dizer que a forma deles é diferente da forma de um europeu tipo (a outra única forma que posso dar como termo de comparação). Não querendo colocar toda a imensidão de uma Europa num só saco, acontece que desde que cheguei à Índia é com alguma naturalidade que durante uma qualquer conversa pode saltar algo do género: “Na Europa... Isto. Na Europa... Aquilo.” Se calhar quando eu for a Marte vou contar aos marcianos que nós aqui no Planeta Terra... Isto. Ou nós aqui no Planeta Terra... Aquilo. Quando penso desta forma, julgo que no fundo existe algum excesso de simplicismo e que da próxima vez deveria tentar falar em nome de um português e não de um europeu. Mas também lá no fundo algo me diz que é mais fácil falar em nome da Europa. Talvez o melhor seja tentar alternar entre os dois. Voltando a Udaipur... Começamos pelo Palácio da Cidade e decidimos comprar os serviços de um guia turístico, privado, mas a um preço bastante convidativo (dois euros e meio). A visita durou hora e meia e aqueles dois euros e meio não podiam ter sido melhor aproveitados, além da eficaz explicação em redor de algumas histórias e curiosidades do Palácio, conseguimos ainda ter uma interessante perspectiva de como um indiano (formado) olha para o seu próprio país. Conhecemos depois o Naru que me tentou ensinar a tocar Ravanhattha, acho que sem grande sucesso. O Naru não sabia ler, e mal me conseguiu escrever o seu nome, talvez “Naru” seja a forma mais simples e na verdade o seu nome seja bem mais complicado do que um simples “Naru”. Mas o Naru falava algum inglês o que me fez ficar ali sentado durante algum tempo. Falou sobre si, sobre a sua Ravanhattha e algumas experiências com outros estrangeiros que por ali paravam. No final tentou que eu lhe comprasse a Ravanhattha, e como eu fui dizendo que não, ele disse que também podia trocar a Ravanhattha por telemóvel ou câmara fotográfica. A Ravanhattha é um instrumento simples, de cordas, basicamente usa-se sempre a mesma corda, apesar de ter mais umas quantas que quase só servem para enfeitar. Ele disse-me que às vezes as usa, mas que é raro. A vida do Naru é fazer Ravanhatthas para tentar vender aos turistas. Outra memória que certamente vai ficar comigo é a da minha primeira experiência (talvez última, não sei) como participante na “Pooja”, a reza dos hindus. Todos os dias o ritual se repete nos seus templos, o cenário é agradável, os cheiros a jasmim misturam-se com outros aromas de incenso a queimar.

1 comentário:

Adriana disse...

olha eu bem que ia para ai fazer Ravanhattha ou pulseira em fio pa vender ao turista. Achas que me safava?'
ou entao algum voluntariado. Sabes de alguma coisa??
sou amiga da andreia uma pportuguesa de quem foste guia em budapeste. lembraste?? Estava a falar com ela e a comentar lhe que queria ir ate a india limpar a alma desta sociedade. mas claro era fixe ter alguma ideia do que poderia fazer por ai pa ganhar una trocos.
Se por acaso me puderes ajudar com imformaçao seria brutal.
Beijinhos Adriana