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sábado, 3 de maio de 2008

BUDA E PESTE

Desci as escadas a correr, o sol está forte e posso usar a bicicleta. De dois em dois degraus chego à garagem, abro o cadeado e num instante já estou a correr a Dembinszky Utca (Rua Dembinszky) em direcção ao centro. Como sempre encontro pelo caminho o eléctrico número 76, também sempre sou mais rápido, ultrapasso-o e entro à frente na Wesselényi Utca. Mas desta vez não parei no número 26 do escritório da Fundação Planet e segui, sem deixar de pedalar, até à Deák Tér (Praça Déak). Estranhamente tinha saudades de respirar o poluído ar da Praça Deák. Parei, e depois de olhar o topo da Basílica de Santo Istvan e relembrar o quanto grande ela é, continuei sem sequer sentir o mais pequeno sinal de cansaço. Dali até às margens do Danúbio pouco passou e entre escolher a Ponte Margit e a Széchenyi, decidi-me pela segunda para chegar a Buda. Já lá, hesitei, mas acabei por me decidir em seguir o rio para sul, enquanto barcos flutuavam no “Duna” seguindo a mesma direcção, por instantes pensei que seria perfeito flutuar como eles, mas depressa percebi que não era o melhor, pois o seu flutuar é sempre despreocupado e sem pressas, e eu estava inquieto, queria esgotar a cidade o melhor e mais depressa possível. Depois de passar perto da Ponte Erzsébet e dos banhos Rudas, fiquei com o monte Gellért mesmo por cima de mim, quase me esquecia do quanto bonita é toda a área da cidadela. Continuei a pedalar, voltei a Peste pela Ponte da Liberdade e depois de atravessar o grande edifício do mercado cheguei à Kálvin Tér (Praça Kálvin), a vontade de beber o saboroso café do bar Monyo quase me fez parar, mas não, não parei e entrei na Rua Ráday... A Ráday rasga o turístico, mas não perde o charme de uma verdadeira rua budapestiana ainda significantemente alimentada por budapestianos em sintonia com os estrangueiros. Nunca tinha sentido tanta vontade de pedalar, nunca tinha sentido tanta vontade de ter os olhos tão abertos e olhar para todos os lados o mais que conseguisse. Cruzei uma das perpendiculares à Ráday e logo a seguir cheguei à enorme avenida dos eléctricos 4 e 6. Segui em direcção a Blaha Lujza Tér. Parei por momentos para equilibrar a respiração e tentar decidir o caminho a seguir. Não tive tempo... A porcaria do relógio nunca foi capaz de me transmitir boa energia, e às 8h30 tocou até eu lhe meter a mão em cima e despertar para mais um dia em que o sono e o sonho acaba vencido pela maldita força da rotina, que tão longe continua da minha vontade. Mais uma vez a imaginação e o sonho se desfazem antes que a verdadeira vontade se vingue.

3 comentários:

Elzbieta disse...

Chcę wrócić tam z Tobą i całować się długo na brzegu rzeki, a potem iść do domu trzymając Cię za rękę. Chcę patrzeć jak to miasto zamyka oczy do snu. Chcę znowu poczuć za czym warto płakać, poczuć węgierskie wino i ciepły strumień miłości.

Anónimo disse...

Agora que aqui estou, fazes-me lembrar algo.....
Sabes onde fica a Victor Hugo Utca....
Agora esta mais colorida, com um portugal bistro, hj estive la comi
uma feijoada e salame
Abracos

diana disse...

ontem caí da bicicleta.*