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segunda-feira, 27 de novembro de 2006

ESTILHAÇOS



Orgulhosamente o meu nome vai estar ligado à edição em disco do Estilhaços de Adolfo Luxúria Canibal e António Rafael. A foto em cima estará na contracapa do trabalho gráfico do disco. Foi captada em Budapeste em Setembro deste ano. Uma pequena contribuição que em mim me deixa um grande contentamento.

AS DANÇAS

Gosto de beber uma cerveja no bar mais próximo depois de acabar o meu dia de trabalho. De me descalçar e sentar quase deitado numa das casas de chá que conheci nestes últimos dias. De jantar e ficar para mais um copo de vinho, ou dois, no Castro. De me sentar no barco A38 a ver os outros barcos passarem ao lado, ou então, depois de anoitecer, descer ao porão para ver quem está a actuar. De ir a um concerto rock num dos clubes da cidade. De me sentar numa esplanada a ler a agenda da Pestiest, ou de caminhar à noite perto do Danúbio e esperar pela hora em que as luzes que iluminam o Parlamento e o Palácio Nacional se apaguem, todas em simultâneo. Mas decidi escrever principalmente porque gosto de sentir a energia e a alegria da dança tradicional húngara, e por mais coisas diferentes que eu aqui faça, ver e tentar dançar a música húngara é das que mais me faz não esquecer que não estou em casa. Ontem mais uma vez decidi ir a Almassy Tér, é engraçada a forma como os húngaros partem para a dança depois de ouvirem os primeiros acordes, escolhem os passos e pernas hajam daí para a frente. Tudo em redor, no café, no corredor e na sala de dança é cheio de vivacidade e um barulhento espirito festivo que faz esquecer a triste e solitária personalidade que caracteriza os húngaros. A verdade é que penso que consigo achar pontos de ligação entre a forma de como eles encaram as danças e a sua personalidade ou os seus actos no dia-a-dia. Os movimentos inocentemente brutos, a procura em ser o mais forte e mais rápido, o querer dançar em grupo e outras vezes não, ou todo o esforço esgotado de uma vez deixando os seus corpos mergulhados em suor. Gosto de descer as escadas do salão, regressar à rua e saltar enquanto caminho até casa… Como um menino que está sempre bem disposto. É o que sinto no final.

segunda-feira, 20 de novembro de 2006

NA GRANDE PLANÍCIE HÚNGARA

DEBRECEN



À excepção de uma semana onde o frio atacou em força e alguma neve começou a cair em Budapeste, os últimos dias na Hungria têm sido bastante agradáveis e óptimos para partir à descoberta de algumas cidades ou vilas húngaras. Passei por Dombori, Szeksárd, Tolna e Pécs a sul do país, mas a visita a Debrecen foi a que mais me ficou na memória. Debrecen é uma das mais importantes cidades húngaras, está situada a leste de Budapeste e a escassos quilómetros da fronteira com a Roménia. Foi considerada capital da Hungria por diversas vezes, a última das quais em 1944 após a segunda guerra mundial. Debrecen é uma das cidades irmãs de Setúbal. O meu primeiro contacto, depois da curta passagem da estação de comboios para o carro que nos levou ao local que nos acolheu, foi o complexo de banhos termais, e foi também um dos pontos altos da visita a Debrecen. No dia seguinte subimos à torre do templo Nagy e dali a praça Kalvin fica toda a nossos pés. Entre o vai e vem de pessoas e eléctricos em movimento na cidade, os pássaros rodeavam a torre do templo e deslocavam-se em grupos de edifício para edifício saboreando o apetitoso sol. Antes havia imaginado uma Hungria completamente negra e sem sol por esta altura, mas assim não tem sido. A praça Kalvin parece ser o lugar preferido para partilhar algumas conversas de rotina e desfrutar de um pequeno descanso. As pessoas sentam-se ao longo dos diversos bancos da praça e observam o evoluír do dia e da vida na cidade. Assim como nós o fizemos por alguns minutos antes do primeiro café quase ao final da manhã. Caminhámos ao longa da rua Piac, passámos o templo Csonka e visitámos o museu Déri. No museu, à excepção da triologia de pinturas de Mihály Munkácsy e de algumas imagens dos bombardeamentos a Debrecen durante a segunda guerra mundial, nada me ficou na memória. Tudo me pareceu bastante saudável durante a visita à segunda maior cidade do país dos magiares e será um prazer regressar.