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segunda-feira, 27 de novembro de 2006

AS DANÇAS

Gosto de beber uma cerveja no bar mais próximo depois de acabar o meu dia de trabalho. De me descalçar e sentar quase deitado numa das casas de chá que conheci nestes últimos dias. De jantar e ficar para mais um copo de vinho, ou dois, no Castro. De me sentar no barco A38 a ver os outros barcos passarem ao lado, ou então, depois de anoitecer, descer ao porão para ver quem está a actuar. De ir a um concerto rock num dos clubes da cidade. De me sentar numa esplanada a ler a agenda da Pestiest, ou de caminhar à noite perto do Danúbio e esperar pela hora em que as luzes que iluminam o Parlamento e o Palácio Nacional se apaguem, todas em simultâneo. Mas decidi escrever principalmente porque gosto de sentir a energia e a alegria da dança tradicional húngara, e por mais coisas diferentes que eu aqui faça, ver e tentar dançar a música húngara é das que mais me faz não esquecer que não estou em casa. Ontem mais uma vez decidi ir a Almassy Tér, é engraçada a forma como os húngaros partem para a dança depois de ouvirem os primeiros acordes, escolhem os passos e pernas hajam daí para a frente. Tudo em redor, no café, no corredor e na sala de dança é cheio de vivacidade e um barulhento espirito festivo que faz esquecer a triste e solitária personalidade que caracteriza os húngaros. A verdade é que penso que consigo achar pontos de ligação entre a forma de como eles encaram as danças e a sua personalidade ou os seus actos no dia-a-dia. Os movimentos inocentemente brutos, a procura em ser o mais forte e mais rápido, o querer dançar em grupo e outras vezes não, ou todo o esforço esgotado de uma vez deixando os seus corpos mergulhados em suor. Gosto de descer as escadas do salão, regressar à rua e saltar enquanto caminho até casa… Como um menino que está sempre bem disposto. É o que sinto no final.

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