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sexta-feira, 27 de março de 2009

ADEUS AO CARIL

NOVA DELI



Esta foi a segunda vez que cheguei a Nova Deli… A primeira já lá vai há alguns meses quando pela primeira vez aterrei na Índia. Nessa altura parecia que tinha acabado de me infiltrar num qualquer filme de rodagem vertiginosa, cheio de acção, sem violência. Era tudo tão distante que por momentos tive dificuldade em perceber que era eu mesmo que estava naquela “rodagem”. Foi o início da descoberta de um estilo de vida que jamais havia encontrado, ou até mesmo imaginado que viesse a encontrar. A Índia deu-me a conhecer muitas coisas, tal como pensei que iria acontecer, todavia sentir a grandeza da sua cultura e religiões foi algo de verdadeiramente entusiasmante. Andar na Índia nem sempre foi fácil, e acho mesmo que andar aqui poderia ser um autêntico pesadelo para muitas pessoas que estejam habituadas ao conforto ocidental, mas a emoção que senti ao penetrar neste universo foi de tal forma intensa que me deixa prever que irei ter algumas dificuldades em descobrir outra qualquer emoção comparável durante outras tantas visitas que espero ainda conseguir fazer a outros locais deste Mundo. A Índia obriga-nos a repensar formas de estar e actuar, nem que seja apenas enquanto cá estamos. Hoje, em Nova Deli, sinto uma enorme vontade de regressar à Europa, mas sei que não vou precisar de muito tempo na Europa para sentir uma enorme vontade de regressar à Índia. Digamos que não há lugares perfeitos, sem dúvida que não há lugares perfeitos. Mas voltando ao inicio da segunda vez que cheguei a Nova Deli. A viagem durou a noite toda, de comboio, partimos de Amritsar às primeiras horas do dia e chegámos à estação de Nova Deli já a tarde tinha substituído a manhã. Nessa altura a estação estava repleta de pessoas, acotovelavam-se ao cruzarem-se umas pelas outras para ganharem espaço para passar. Para mim já não era novo, já não era um filme de rodagem vertiginosa, mas sim o dia-a-dia de um país com dificuldades em gerir uma população que é quase duas vezes maior do que a soma da população de todos os países da Europa. Desde o primeiro dia que me questiono acerca do que se poderá passar para que sempre, a toda a hora, os comboios na Índia estejam lotados de passageiros. Depois de tentar umas seis opções de estadia, lá encontrámos aquele que ia ser o nosso quarto durante os últimos dias na Índia. Os empregados mostravam ainda mais atenção e simpatia do que em qualquer outro lugar antes, ofereciam chá, insistentemente subiam ao nosso quarto para perguntar se estava tudo bem. Enfim, parecia que nos queriam ver muitíssimo satisfeitos, faziam-no como se nós não soubéssemos que o faziam à procura de uma gorjeta perdida nos nossos bolsos. O cenário mudava sempre que descobriam que a gorjeta teimava a não aparecer. Em Nova Deli não é tão fácil negociar, muitas vezes ficámos a ver os táxis irem embora depois de ouvirem a nossa oferta. É certo que também estávamos no final da viagem e pouco mais tínhamos para gastar, mas mesmo assim fiquei com ideia de que a exigência é maior do que noutros lugares. Começámos por visitar a zona de “Connaught Place” onde nos cruzámos com as classes de indianos mais privilegiadas, aqueles que falam inglês entre si e parecem completamente distantes da realidade do seu país. Cafés e restaurantes de luxo que estão apenas ao alcance de alguns. No coração de “Connaught Place” situa-se o “Central Park” de Nova Deli, com tudo isto quase me esqueci que ainda estava na Índia. No dia seguinte fomos à cidade velha, zona maioritariamente muçulmana. Visitámos a enorme “Jama Masjid”, se não me engano a maior mosquita da Índia e depois fomos até ao Forte Vermelho. Daqui voltámos para o Hotel de Metro, e mais uma vez quase me esquecia que ainda estava na Índia. Limpinho, novo, e acima de tudo com espaço! O Metro em Nova Deli tem espaço, e quanto a mim só vejo isso ser possível caso muitas outras pessoas sejam impedidas de entrar. Os restantes dias foram passados de Bazar em Bazar já sem grande paciência para mais templos ou outros monumentos. Nova Deli merece as minhas desculpas, a cidade que me viu chegar, e agora partir, não me teve à altura. Um dia havemos de nos ver outra vez, prometo!

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