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quinta-feira, 11 de janeiro de 2007

O NATAL NA POLÓNIA

NOWA RUDA



Nowa Ruda é uma pequena e pacata cidade polaca situada já bem perto da fronteira com a República Checa. Um tanto ou quanto escura de inverno, mas com a felicidade de ter a seu lado a natureza dos campos montanhosos. Depois de alguns meses na cosmopolitana Budapeste foi bom voltar a respirar a terra e as coisas naturais que nela nascem. Este ano Nowa Ruda havia escapado à neve que habitualmente cai nesta altura, por isso só nas montanhas pudemos desfrutar da sua beleza. A neve não era muito densa, o que premitiu a nossa subida ao topo de um dos pontos mais altos da montanha. Não pude deixar de apreciar intensamente aquele cenário, um apreciar de olhos mediterrâneos, de olhos que não se habituaram a olhar mantos de flocos brancos nas árvores. Brincámos um pouco, não muito, pois o tempo escasseara e depressa tivemos que voltar a casa. Tudo porque as horas do jantar de natal na Polónia são bastante distintas das horas do jantar de natal em Portugal. Nunca antes havia passado a ceia natalícia fora de Portugal, ou melhor, fora da Marinha Grande. Foi interessante e muito especial olhar para as diferenças existentes entre as duas culturas. Todavia, na Polónia, assim como em Portugal, para além das prendas que se trocam, a comida é o mais importante no desfrutar deste dia. A grande diferença está nas horas. O nosso jantar começou por volta das quatro da tarde. Ás seis trocámos as prendas e ainda restou um tempito para descanso até que nos voltassemos a encontrar à meia noite na igreja da cidade para os cânticos natalícios. Disseram-me que é o único dia do ano em que a igreja fica repleta de fiéis. E estava sim, católicos ou não todos pareciam ter tido como destino da meia noite a igreja de Nowa Ruda. Não cantei. Subi as escadas para o andar de cima e fui ao encontro do organista. Fiquei ali por alguns minutos. Foi a primeira vez que vi o orgão grande de uma igreja e obviamente também a primeira vez que vi alguém tocar nele. Em Nowa Ruda bebi cerveja quente, como se fosse chá, quente mesmo. Quando me falaram pela primeira vez pensei que fosse brincadeira. Mas não, eles bebem mesmo cerveja quente. Eu também bebi e não me soube nada mal.

quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

UMA PARAGEM PELO CAMINHO

CRACÓVIA



Doze horas depois da partida na estação Keleti, chegámos a Cracóvia, a primeira paragem na nossa viagem até Nowa Ruda onde iriamos passar a nossa ceia natalícia. Demos os primeiros passos na capital cultural polaca ainda antes do sol aparecer. A cidade deserta, adormecida na noite e no frio de inverno que ainda assim continuava sem neve, algo anormal nesta altura do ano. Caminhámos até à praça principal e caminhámos já na praça principal. Ao redor da igreja Mariacki tivemos os primeiros sinais de que o dia estava a começar. Ás 6h em ponto escutámos a melodia do trompete que é tocado duas vezes por dia numa das torres da Mariacki. O som voava suavemente pela silenciosa praça misturando-se apenas com o cantar de escassos pássaros que pareciam ter acabado de acordar tendo como missão alertar-nos para o dia que ali nascia. Percorremos mais algumas ruas e atravessámos ao largo de um dos jardins da cidade. Chegámos ao castelo Wawel e dentro das suas muralhas visitámos a bonita catedral com o mesmo nome do castelo. À saída o dia parecia finalmente ter vencido a noite. Fomos ao distrito judeu e olhámos para algumas sinagogas do lado de fora. Ao almoço provei os primeiros pratos polacos num restaurante judeu. A sopa vermelha Barsz Czerwony é deliciosa, assim como o Pieróg Ruski também o é. Quando saimos do restaurante pouco mais restou. Uma caminhada de volta à estação para apanhar o comboio com destino a Wroclaw. Em Wroclaw apenas tempo para trocar de comboio e seguir para Nowa Ruda.