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quinta-feira, 28 de setembro de 2006

O PARTILHAR CULTURAS

TŰZRAKTÉR - BUDAPESTE



Começa hoje o ”Let’s Share Cultures”, durante estes dois dias vou estar no Tűzraktér a tentar ajudar a mostrar algo de Portugal a quem, aqui em Budapeste, estiver interessado. Junto com as minhas fotos sobre a Hungria, vão estar em exposição as fotos da Réka Szalkai e da Szófia Palyi sobre Portugal. O programa é extenso, destaco os concertos portugueses do Adolfo Luxúria Canibal e do António Rafael, com a apresentação do Estilhaços, o concerto de Almaplana e ainda de Umpletrue. Assim como as video projecções de documentários e curtas-metragens, na sua maioria, cedidas pela Fundação Calouste Gulbenkian. Este evento tem o apoio do Instituto Camões e da Embaixada de Portugal em Budapeste, a eles desejo a melhor sorte e um grande obrigado por me terem ajudado a passar para a práctica esta minha ideia.

O programa:
www.planetclub.hu/bruno/index.htm

quarta-feira, 20 de setembro de 2006

REVOLUÇÃO (OU APENAS VIOLÊNCIA)

BUDAPESTE



Hoje vou dormir no escritório, mas isso pouco importa tendo em conta aquilo que se passa atrás de mim, na rua. A Hungria está revoltada, ou pelo menos parte grande dela. As pessoas estão na rua e os confrontos aumentam de hora para hora. Há quem lhe chame revolução, mas outros preferem dizer que são meia dúzia de fanáticos de extrema direita que estão a causar a onda de violência em Budapeste. Tudo depois do Primeiro Ministro húngaro, Ferenc Gyurcsany, preferir alguns comentários acerca da situacão económica do país, onde mete completamente em causa a competência e seriedade do governo húngaro. As palavras foram gravadas secretamente e expostas a público gerando a revolta da população, principalmente das classes da oposição. Quanto a mim deixo-me estar quietinho. Tentei sair á rua para fazer uma ou duas fotos mas a policia estava a bloquear todos os acessos ao centro dos protestos, neste momento em Blaha Lujza. Antes tinha passado por lá, no preciso momento em que as carrinhas chegavam com os policias, o tempo de vir ao escritório buscar a máquina foi suficiente para me bloquearem o caminho de volta. Tudo o que consegui foi ouvir carros de bombeiros e policia a buzinar de um lado para o outro e um cheirinho de gáz lacrimogénio nos olhos, mas como já o apanhei no fim, foi fácil escapar. Os autocarros estão parados, ou talvez meia cidade esteja parada para protestar e também ajudar a fazer violência. Eu não tenho como chegar a casa hoje, mas tudo bem. Só é pena pensar que se faz história atrás de mim e eu nem uma televisão tenho para olhar.

segunda-feira, 18 de setembro de 2006

ELA

Quero tocar-te, tocar-te sem que quase o sintas, suavemente, em baixo, de baixo para cima, em cima. Os teus olhos estão fechados, saboreias os meus movimentos. Sentes-te bem, muito bem, mas quase não sentes que te estou a tocar. Depois eu também fechava os olhos, continuava a tocar-te e deixava cair a minha cabeça sobre a cama, a tocar-te de forma a que quase não o sentisse na ponta dos dedos, suavemente. Suavemente a minha cabeça deslocava-se e parava pertinho da tua. Os teus cabelos misturavam-se com os meus. Depois, juntinhos, os nosso lábios adormeciam felizes.

sexta-feira, 8 de setembro de 2006

PILISSZENTLASLO

PILISSZENTLASLO



A falta de tempo tem-me mantido longe deste espaço. Gostava de escrever muito sobre o meu último fim de semana, mas a cabeça já me está a pesar, mesmo assim, vou tentar. Na verdade fiquei fora de Budapeste durante cinco dias, quando voltei tive a sensação de ter estado fora durante três meses. Por outro lado estou em Budapeste à três meses e parece que cheguei à cinco dias. Há coisas que não sei explicar, simplesmente são assim. O EVS Clube é um encontro e treino para jovens voluntários e foi o que me fez mover de Budapeste para Pilisszentlaslo, uma pacata vila a norte da capital húngara e a escassos quilómetros de Szentendre. Além de ter trocado experiências com outros jovens de 13 países diferentes, o treino, o descanso e a simples liberdade que lá senti, fizeram-me estraordináriamente bem ao espirito. Perguntaram-me se me considerava como que um ”representante” de Portugal no meio de ”representantes” de outros países. Respondi que não, de maneira alguma, mas que no fundo gostava de perceber, em cada um deles, a imagem e a cultura dos seus respectivos países. Falámos sobre a Arménia e os seus costumes, reparámos que somos diferentes, mas que não é dificil respeitármo-nos. Falámos sobre as regras do Alcorão, descobrimos que alguns de nós não conseguiriam viver atados a ele, mas que podemos partilhar aventuras ou conversas com aqueles que o fazem. Tentámos partilhar tradições na cozinha, fui incapaz de comer o prato polaco que me tentaram oferecer. Mas a tortilha espanhola feita por um dinamarquês estava deliciosa. Encontrámos diferentes caminhos durante as actividades que desenvolvemos, mas acabámos todos por conseguir o que foi proposto. Sempre tentámos e conseguimos encontrar o balanço ou o ponto ideal quando as diferentes ideias apareciam devido as nossas diferenças socio-culturais. Por vezes sentia-me como um menininho a brincar e ao mesmo tempo a crescer, outras vezes sentia-me simplesmente um menino, não interessava se estava a crescer, estava lá e a atmosfera, o cheiro, os sons eram saudáveis e ao mesmo tempo puros e inocentes. Foi bastante bom perceber que todos conseguimos descer e subir juntos, e não interessa se somos diferentes, o que importa é sabermos ser diferentes.

SZENTENDRE

SZENTENDRE - 02 SETEMBRO, 2006